quarta-feira, 30 de abril de 2008


naquela manhã o Dr. Hofmann deliberadamente ingeriu 250 microgramas da substância, considerando esta proporção a dose necessária para experimentar os seus efeitos. a leve sensação de desequilíbrio não era nada comparada com as sensações que então se manifestaram: inquietude, vistas distorcidas, imaginação extremamente estimulada, imagens coloridas, formas fantásticas se revezando num caleidoscópio caótico, ora geométrico, ora pastoso. Hofmann suava; literalmente, derretia. pediu que seu assistente o acompanhasse até sua casa de bicicleta, um passeio recheado de ansiedade e delírio que o imortalizaria na cabeça e nos corações de jovens de todas as gerações posteriores e de muitos contemporâneos. seu pânico naquela manhã de abril hoje parece cômica: seus móveis tomavam formas monstruosas, ameaçavam atacá-lo, ele ousava rezar a um deus qualquer que houvesse pelo temor de haver sido possuído pelo demônio. o médico chamado pouco caso fez de tanto pavor. e de fato, posteriormente à prescrição médica, restou apenas a tranqüilidade, a virtude, a beleza, a vitalidade; o dia ficou mais lindo e mais brilhante, o café-da-manhã ainda mais delicioso; o Dr. Hofmann ainda nem sabia, enquanto ainda observada a cor dos sons ao redor, mas naquele momento de tormenta e bonança contribuía decisivamente para tornar as vidas de milhões de seres humanos mais agradáveis e reveladoras.

nesta terça-feira, ele pegou sua bicicleta mais uma vez. pedalou pelas estradinhas da colina onde morava, até encontrar uma estrada de tijolos amarelos que o levou, flutuando, a uma cidade de esmeralda.

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