terça-feira, 30 de outubro de 2007

em tempo

sem querer fomentar as rivalidades alheias, ultimamente o Brasil anda melhor que a Argentina: enquanto vamos sediar - não sem choro e ranger de dentes - a copa do mundo de 2014, eles acabam de eleger Cristina Kirchner para a presidência da república.

cada povo com suas mazelas.
os generais e os gourmets: uma ode ao totalitarismo

públicos e notórios nos dias de hoje são os subterfúgios criados pela imprensa brasileira para evidenciar os cortes que a navalha dos censores oficiais perpetrava nos veículos impressos. previsão do tempo, horóscopos, bonequinhas da Hello Kittie, ██████████████████████ recursos os mais singelos possíveis tinham por objetivo alertar os incautos quanto ao vandalismo informacional que privava os brasileiros de verdades e meias mentiras que poderiam afetar o regime militar.

afetar o regime era certamente o objetivo de um destes veículos, ao passar à publicação de receitas culinárias como resposta à censura. insuspeitas entre manchetes de █████████████████████████████████ engarrafamentos e aniversários de cidades e outros eventos que curiosamente reuniam milhares de cidadãos nas ruas, tais receitas seriam o recurso final para chamar a atenção dos leitores quanto à repressão que pairava sobre o país. se é duvidoso seu impacto quanto ao esclarecimento político do povo brasileiro, seu sucesso junto às donas-de-casa do país é incomensurável.

Arroz à Grega

· 3 xícaras de arroz
· 6 xícaras de água
· 1 caixa de passas
· Queijo parmesão ralado
· 5 colheres de ervilha
· Pimentão, cebola, salsa, cebolinha verde e cenoura
· Manteiga, óleo e sal

Leve uma panela ao fogo com água, sal e um pouco de óleo. Quando a água ferver, coloque o arroz lavado e escorrido. Mexa o suficiente, diminua o fogo e deixe a água secar. retire o arroz do fogo, tampe bem e deixe por mais algum tempo até ficar completamente pronto. À parte, leve uma caçarola ao fogo com a manteiga e aí frite as passas e as ervilhas. Jogue, em seguida, em uma travessa grande. Junte a cebolinha verde, a cenoura, o pimentão, a cebola - cortados em pequenos pedaços - a salsa e o parmesão. Junte, por fim, o arroz cozido, misturando tudo cuidadosamente.

durante 21 anos negros de ditadura, os mais experimentados gourmets do país doaram seu suor e lágrimas para a conscientização dos populares, divulgando suas mais refinadas criações. conscientizados ou não, os domingos da família brasileira, animados por vinis d’Os Incríveis e de Dom e Ravel, contavam com refeições elaboradas e churrascos baseados em dicas de preparação de carnes que povoavam os principais meios de comunicação. ███████████████████████████████████████████████ nas altas rodas gastronômicas contemporâneas, é indiscutível o papel do governo militar na construção do arcabouço alimentício tupiniquim. sem os sacrifícios inerentes à manutenção da ordem, a disseminação de pratos como o bife à rolê (sic), o estrogonofe e o bolo nega maluca – um dos preferidos dos generais – teria sido impossível.

isto posto, desvela-se mais um importante episódio da história política brasileira. à parte das tendências revisionistas em voga no meio artístico nacional é necessário ressaltar, com a devida justiça, o importante ████████████████████████████████ papel desempenhado pelos simpáticos velhinhos que assumiram para si a nobre responsabilidade sobre o destino de 90 milhões de tementes a Deus.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

"A alma brasileira me encanta, claro, porque ela sempre guarda algo de exótico."

Diego Mainardi
calcinhas pela paz: embaixadas birmanesas em alerta

e a Birmânia, esse caloroso rincão asiático que insiste em autodenominar-se Myanmar, segue imbatível na grande mídia. desta vez não por iniciativa própria: mulheres de várias partes do mundo se uniram em uma poderosa ação de protesto cultural contra a retrógrada junta militar que governa o país, com uma ferramenta inusitada: o envio de calcinhas às suas representações diplomáticas.

segundo as líderes do movimento, a cultura birmanesa e sul-asiática em geral apresentaria particular fragilidade frente a este tipo de manifestação. o contato com as roupas íntimas femininas é tabu, sendo visto como algo que pode enfraquecer e minar os poderes dos homens que tocarem nelas, o que atingiria em cheio os supersticiosos generais que governam o país.

até o momento, calcinhas da Tailândia, Cingapura, Austrália, Inglaterra e outros países europeus já foram remetidas a ginecofóbicos diplomatas myanmareños em todo o mundo. você aí de casa também pode colaborar com este protesto pacífico e ameaçador: envie suas calcinhas, limpas ou sujas, à embaixada birmanesa mais próxima de você! para deleite do nosso povo lindo e trigueiro, contamos com uma missão diplomática deste historicamente rico país, cujo endereço segue:

Embaixada da União de Myanmar
SHIS QL 08, Conjunto 04, Casa 05
Brasília – DF
71620-245

os homens que porventura se sintam sexualmente melindrados a participar do protesto são encorajados a encaminhar e-mails com imagens de calcinhas aos nossos irmãos birmaneses, na certeza de que tais mensagens serão plenamente compreendidas. o e-ndereço da representação diplomática é:
mebrsl@brnet.com.br

cientes do compromisso cidadão de construir uma Birmânia melhor para todos, louvamos a iniciativa contra a totalitária junta que cerceia os anseios e estômagos de uma população sofrida. contatado por nossa assessoria, o cantor Wando já se solidarizou com a causa, confirmando o envio de 1437 calcinhas tamanhos G, GG e XGG à Missão Permanente da União de Myanmar nas Nações Unidas, em Genebra.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007



Estava escrito nas estrelas, em letras itálicas e negritas. Com Mercúrio na casa doze em trígono com Urano, não tinha muito pra onde correr, né, gente?
A maior campanha subliminar-partidária do Brasil não é Jesus Cristo, mas também voltará. Aguardem.