quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O Sábio disse:

"Também estava lá, e fora de seu horário, o censor oficial, Jerônimo Ortega, que chamávamos de Abominável Homem das Nove porque chegava pontual a essa hora da noite com seu lápis sangrento de sátrapa godo. Ficava por lá até assegurar-se de que não houvesse letra impune na edição da manhã. Tinha uma aversão pessoal contra mim, por minhas veleidades de gramático, ou porque utilizava palavras italianas sem aspas e sem grifar quando me pareciam mais expressivas que em castelhano, como deveria ser de uso legítimo entre línguas siamesas."

Memória de Minhas Putas Tristes, G. G. Márquez