sexta-feira, 7 de dezembro de 2007





De volta ao ponto de densidade absoluta




A cada encontro de órbita, anos para um, séculos para o outro, travaram em fragmentos essa conversa:
- Saudações.
- Que dizes?
- Definho.
- Definhas?
- Sim. Carrego um mal.
- Não te preocupes. O mal em boa hora passará. É a vida?
- Como sabes?
- O diálogo é sintoma da vida. Com quem pensas que conversas?
- Ora, contigo.
- Qual a fonte de teu pensamento se não os têm?
- Que dizes! Parece insano.
- É todo o contrário, vale dizer. Estou curado...
- De quê?
- Da vida.
- Como?!
- Sou um planeta morto.
- Oh! Que restou, então, de ti?
- o movimento inercial. A suave mudança de órbita. A infinita caminhada rumo aos limites do universo em expansão.
- E a beleza da vida?
- Estás doente. Deliras. Acalme tua agitada alma que a vida se esvairá. Teus segundos se multiplicam em eras fruto de tua simpatia com a provisoriedade angustiante da vida. Olhe. Siga-nos. Dance conosco. – e, numa vistosa elipse, aprumando seus eixos, rodopiaram alegremente os planetas.

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