sexta-feira, 7 de dezembro de 2007


Genocídio do dia

E o general gritou orgulhoso às suas tropas: “Homens! Vocês são homens! É aqui nesse campo de batalha diante dos olhos de Deus em que colocamos nossas armas às ordens do Senhor. E Ele sussurrou ao meu ouvido: ‘Não quero ver nenhum civil respirando. Quero um sacrifício à altura da minha generosidade para com teu povo.’ E que assim seja, senhores! Se acaso sentirem fraquejar seus braços diante de um desses moribundos, afastem esse demônio da covardia a golpes de machado. Demônio e inimigo abraçados sendo mandados para as pútridas lamas efervescentes do inferno. Amanhã quero sentir o agridoce cheiro de carne queimada se decompondo: pra mim, esse é o cheiro da vitória, é o bálsamo do sucesso.” Assim, motivados por essas eloqüentes palavras, marcharam os orgulhosos guerreiros com suas armas em punho com firme propósito de serem instrumentos de Deus. E o foram. Cumpriram zelosos seu dever. Poucas vezes ao Senhor foi ofertado tão autêntico genocídio. Nem os animais domésticos foram poupados. As ruas tomadas de corredeiras vivas de sangue. Os soldados estavam no fim das forças, mas, revigorados pelo sentimento de justiça e fé, atenderam à última ordem do general: expor sobre um altar improvisado as cabeças daqueles pobres miseráveis para que Deus os possa reconhecer acaso tentem, desencarnados, penetrar traiçoeiramente nos sagrados domínios dos puros.

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