segunda-feira, 19 de novembro de 2007

salve o pendão da esperança!

sabemos que o mundo dá voltas, ainda mais depois da décima cerveja, e qualquer conversa de bar retorna invariavelmente ao tema já batido do efeito borboleta. no episódio de hoje, vamos relembrar a velha história de como os espirros de Auguste Comte, na França, acabaram se transformando numa bandeira nacional republicana no Brasil.

além de ter cunhado o termo “sociologia”, sem necessariamente recheá-lo, e ter sido um dos primeiros ocidentais a afirmar que “tudo é relativo”, Comte e os espirros da gripe espanhola que o levariam à morte deixaram no Novo Mundo uma marca indelével: seu Positivismo, desenhado às pressas em meio aos espasmos e ao suor frio e às alucinações da febre, gerou no Brasil nada menos que a Igreja Positivista, organização devotada a provar que esta terra onde se plantando tudo dá fazia vicejar os mais elevados ideais político-espirituais do Velho Mundo. a Igreja Positivista era antiescravista, antitabagista e antiimperialista.

vale ressaltar que naqueles tempos áureos do Império Tupinambá, a generosidade dos nativos era demonstrada com a realização de pomposos bailes aos visitantes estrangeiros. não poderia ser diferente quando da chegada ao porto do Rio da embarcação chilena Almirante Cochrane, carregada de marinheiros criollos sedentos por provar das delícias tropicais. por ordem do Imperador, foi preparada uma onerosa festa que entrou para a história como o Baile da Ilha Fiscal. a hospitalidade tupinambá foi derramada sobre os visitantes em forma de vinhos e iguarias finas, assim como as roupas íntimas de muitas das damas da Corte, encontradas no dia seguinte pelas mulatas que chegavam para a faxina.

é neste ponto da história que entra em cena nosso herói, Raimundo Teixeira Mendes, o escultor do oh lindo pendão da esperança. Teixeira Mendes era nada menos que pastor da Igreja Positivista, com um invejável networking entre os visionários militares que defendiam a derrubada do Império. totalmente quebrada pelo Baile da Ilha Fiscal, a monarquia não ofereceu resistência aos golpistas, e os libertadores proclamaram a República Federativa do Brasil, com um baile igualmente pomposo, embora sabiamente menos divulgado: o Baile do Morro da Providência, precursor dos bailes dos morros contemporâneos.

Teixeira Mendes foi encarregado do desenho da nova bandeira nacional, na qual depositou todo o seu conhecimento maçônico-positivista. seu desenho é quase o mesmo da bandeira atual, exceto por um detalhe: o logo original “Amor, Ordem e Progresso” foi reduzido para “Ordem e Progresso” por decisão do Pai da República, Marechal Deodoro da Fonseca, por achar que “de amor, o povo faceiro desta terra já se encontra suficientemente servido”.

e assim, meus amiguinhos, se encerra esta bela história. a flâmula alviverde de Teixeira Mendes segue incólume aos dias de hoje, enchendo de orgulho os filhos da Pátria Mãe Gentil que enchem o peito para louvar, neste 19 de novembro, sua prodigiosa obra.

Um comentário:

h.koblitz.e disse...

Marechal Deodoro da Fonseca, nos tirou o amor e morreu de amargura !!!! ........ eu sabia que faltava alguma coisa nessa bandeira