sábado, 12 de abril de 2008

curvas. uma mão no volante e outra apoiada na porta, segurando um cigarro esquecido, que só vento consumia. nenhum pensamento vinha à tona naquele turbilhão de texturas, cores e sabores; nenhum alerta. eu sequer sabia o porquê de tudo aquilo. esquerda, direita, seguia apenas, direita, esquerda, sem saber. haveria fim? eu, sinceramente, desejava que não. dava minha vida por isso. seguia perdido, satisfeito, direita, esquerda, eu não sabia, seguia sem saber e sem querer que tudo acabasse. mas quando a última cinza se foi, abrasando a minha mão, o susto foi maior que o incômodo e bastante pra fazer com que tudo virasse; o mundo girando, eu perdendo o controle, no meio do caos, já não via mais nada, só vi meu corpo lançado ao espaço infinito, planando no vácuo silencioso lento sereno livre; voando até o seu destino chão, selando meu panteão no fundo de um vale suave e perfumado: o doce vale sereno livre onde pulsa valente sua jugular. sinto seu perfume. descanso em mui santa paz.

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